Polícia Civil investigará rede social por apologia à violência contra menores

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A Polícia Civil de São Paulo instaurou um inquérito para investigar uma rede social que desobedeceu uma ordem emergencial das autoridades. Na ocasião, a polícia monitorava um servidor da plataforma que transmitia conteúdo ao vivo relacionado à violência digital, incluindo atos de estupro digital.

Os policiais flagraram o episódio durante uma investigação contra um grupo que pratica violência digital na internet. Esse monitoramento envolveu agentes do Núcleo de Observação e Análise Digital (Noad), que estavam apurando informações sobre os crimes, praticados em uma plataforma com centenas de usuários.

“Nesse caso específico, os investigadores flagraram muita violência sendo transmitida ao vivo, por isso determinamos à plataforma o fim da transmissão e, mesmo assim, não fomos atendidos”, explica a delegada do Noad, Lisandréa Salvariego.

Policia instaura inquérito para investigar rede social
Divisões da polícia aumentaram as investigações online para impedir a expansão de crimes virtuais contra menores (Imagem: Polícia Civil de SP)

Devido ao fato do servidor em questão estar transmitindo cenas de violência explícita contra crianças e adolescentes, a polícia solicitou, em caráter emergencial, a remoção daquele servidor aos representantes da rede social. Contudo, a solicitação não foi atendida, e a plataforma afirma que o pedido não era emergencial.

Plataforma não obedeceu a solicitação policial

Lisandréa ainda aponta que pediu para que os responsáveis pela plataforma derrubassem o servidor, já que a ação acabaria “com o crime imediatamente”. Apesar das autoridades não terem divulgado o nome da rede social, supostamente a plataforma é o Discord, por conta da dinâmica de servidores e livestreams, mas isso não foi oficialmente confirmado.

Essas autoridades criaram um relatório detalhado, com provas sobre os crimes, e enviou o documento ao Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Os fatos foram analisados e o departamento instaurou um inquérito em 28 de março para aprofundar as investigações.

A plataforma em questão foi intimida pelo órgão, e as autoridades irão colher depoimentos dos representantes legais que atuam no Brasil. A delegada do caso aponta sobre a necessidade de colaboração entre os setores, e diz que a polícia não teve apoio, mas caso isso ocorresse, poderiam ter impedido a incitação ao crime.

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Aplicativos como o Discord permitem múltiplos usuários em servidores sem moderação ou supervisão (Imagem: GettyImages)

“É necessária uma união de todos os setores envolvidos para que a gente consiga combater esse tipo de crime, especialmente esse que a maioria das vítimas e dos espectadores é menor de idade”, explica a responsável pelo caso.

No servidor, os líderes fazem as transmissões ao vivo para ter reconhecimento na comunidade, submetendo diversos usuários a estupros virtuais e até mesmo à automutilação. Além dos menores de idade, as autoridades também encontraram maiores infiltrados nos canais.

Como são os casos de violência digital em redes sociais?

Casos envolvendo violência digital em plataformas, como o Discord, não são novidade no cenário brasileiro. Há alguns meses, Pedro Ricardo Conceição da Rocha, conhecido como “King”, foi condenado a 24 anos de prisão pela Justiça do Rio de Janeiro.

O criminoso de 19 anos foi condenado por associação criminosa, estupro qualificado e coletivo, estupro de vulnerável e corrupção de menores. “King” também usava o Discord para cometer seus crimes, e chegou a zombar das autoridades quando foi preso pelos policiais.

Em diversos fóruns e servidores da rede social, líderes como Pedro obrigam outros adolescentes e crianças a cometer crimes, ou se mutilar. Em diversas ocasiões, os criminosos possuem escravas sexuais, sempre menores de idade, aos quais eram chantageadas com imagens e vídeos vazados.

Para saber mais sobre o desdobramento desse caso, vale a pena ficar ligado no site do TecMundo. Inclusive, o TecMundo tem um documentário próprio que conta sobre abuso infantil na internet. 

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